Matriz curricular de música… mãos à obra!
por Rosangela Lambert
Ao estabelecer o retorno da música à educação básica, a lei 11.769 de 2008, não apresenta um percurso do que deva ser “ensinado” em cada ano escolar. Assim, cada professor segue seus próprios critérios de escolha.
Em julho de 2019 tive a oportunidade de fazer um curso sobre “planejamento em música” com a educadora Cecília Cavalieiri França. Foi um turbilhão de informações. Desde então, surgiu em mim o desejo de conceber uma proposta de matriz curricular que atendesse à minha realidade.
A ideia que me surgiu foi concebê-la à luz do modelo CLASP de educação musical, proposto por Keith Swanwick e dos Campos de Experiência, propostos pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Como atuo na escola regular, gostaria que minha matriz fosse “traduzível” para toda a comunidade educativa, não limitando sua concepção, unicamente, sob a ótica de um modelo de educação musical.
Sob esta perspectiva, a matriz que proponho, encontra-se num plano cartesiano, cujos eixos são o modelo CLASP e a BNCC. Fiz um mapeamento de muitas atividades que realizo, colocando-as de maneira a intersectá-las. Dessa forma, ao consultar uma proposta musical, é possível, vê-la, ao mesmo tempo, onde se localiza, quer do ponto de vista musical, quer do ponto de vista da escola.
Além dos eixos supracitados, também fiz uma abertura especificando, para cada atividade, quais os conhecimentos musicais envolvidos e quais habilidades humanas envolvidas, nos âmbitos socioemocional, motor e cognitivo.
Sabemos que o percurso de cada educador é único e que muitos são os caminhos possíveis. Cecília C. França (2016) afirma:
O território musical é extremamente amplo. É possível fazer música de muitas maneiras diferentes, em diversos estilos, utilizando os mais variados instrumentos, voz ou outros meios. Existem muitos caminhos possíveis e igualmente ricos, legítimos e saudáveis. Essa diversidade, no entanto, pode ser perturbadora: que caminho escolher? Quais conteúdos e atividades devem ser priorizados?
A concepção da matriz fez-me debruçar e refletir sobre minha própria prática, o que foi muito enriquecedor. Diferentemente de “grade” curricular, que nos remete a algo fixo, a matriz curricular tem a função de iluminar e nortear o percurso, é aberta, flexível, não é definitiva e nem acabada. Dessa forma, deve ser constantemente revista e reconstruída, se necessário. Trata-se de um exercício constante, que apoia-se na reflexão da minha práxis.
Para saber mais:
BNCC http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/
Referências:FRANÇA, Cecília C. Hoje tem aula de música? Belo Horizonte: MUS, 2016.