A magia das experiências musicais na vida dos idosos

Por Rosangela Lambert

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A política nacional do idoso (PNI), Lei nº8. 842, de 4 de janeiro de 1994, e o estatuto do Idoso -Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, definem Idoso pessoas com 60 anos ou mais. É importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento. Existem diferenças significativas relacionadas ao estado de saúde, condições econômicas e sociais entre pessoas da mesma idade.

Envelhecer é um processo multifatorial e subjetivo, ou seja, cada indivíduo tem sua maneira própria de envelhecer. Sendo assim o processo de envelhecimento é um conjunto de fatores que vai além do fato de ter mais de 60 anos. Deve-se levar em consideração também as condições biológicas, intimamente relacionadas com a idade cronológica, traduzindo-se por um declínio harmônico de todo conjunto orgânico, tornando-se mais acelerado quanto maior a idade.

Naturalmente as faculdades cognitivas começam a falhar, apresentando problemas de memória, atenção, orientação e concentração, podendo haver perda da independência e autonomia. Assim, gradativamente, mudanças físicas, psicológicas e sociais acometem a pessoa idosa.

Com o crescente aumento mundial do número de pessoas idosas, medidas preventivas capazes de melhorar a saúde e a qualidade de vida vêm sendo adotadas.

O termo “envelhecimento ativo” é uma das metas da Organização Mundial de Saúde (OMS), com objetivo de proporcionar à população idosa um envelhecimento com oportunidades, assistência, segurança e bem-estar.

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Muitos são os recursos que podem proporcionar a promoção da saúde do idoso, sendo, um deles, a música. Segundo Keneth Bruscia, Professor Emérito do Departamento de Música e Musicoterapia da Universidade da Philadelphia, a música não é só uma forma de arte tipicamente “auditiva” (passiva), mas é capaz de mobilizar os sentidos do homem e produzir estímulos cognitivos, motores, comportamentais, emocionais e sociais.

Entre as atividades musicais possíveis para aplicação com idosos podemos citar a expressão corporal, a dança, atividades rítmicas corporais ou com instrumentos musicais, a audição e a criação musical, a prática do canto, dinâmicas e jogos musicais.

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Vale ressaltar que a utilização de músicas e canções que fizeram parte da história de vida do idoso pode contribuir diretamente na elevação de sua autoestima, prazer de “brincar e jogar” musicalmente. Podem ser canções de ninar, canções da escola, brinquedos cantados, de programas de TV, canções de amor, de amizade, de todos os tempos e sentimentos que marcaram sua vida. Assim, a partir das músicas que fizeram parte de sua história de vida, o idoso poderá cantar suas dores e amores, suas perdas e ganhos, reconhecendo-se em seu fazer musical, elaborando conteúdos internos, afetivos e emocionais, num processo de redescobertas.

De igual modo, a possibilidade de experimentar o novo, conhecendo músicas e canções, analogamente, estimula e encoraja o idoso pela busca do novo em sua própria vida.

Importante lembrar que não só a exposição às experiências musicais é benéfica para os idosos, mas também a Educação Musical na maturidade é possível, uma vez que a velhice não é sinônimo de incapacidade. Aprender a cantar ou a tocar um instrumento, por exemplo, favorecem a liberdade de expressão, o uso do raciocínio e da memória, fortalecem relações grupais, promovendo a integração social.

Enfim, por meio de diferentes experiências musicais (cantar, tocar, escutar, dançar, criar e brincar musicalmente), surgem espaços para recordações, transformações, ressignificações e para novas descobertas. A música, arte mágica dos sons, capaz de promover encontros humanos, “dá mais vida à vida” dos idosos.

REFERÊNCIAS
BRUSCIA, Kenneth E. Definindo musicoterapia. Trad. Marcus Leopoldino.
3 ed. Barcelona: Barcelona Publishers, 2016.

CONSENZA, Ramon M. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende.
Porto Alegre: Artmed, 2011.

DINIZ, Leandro F. M. et. al. Neuropsicologia do envelhecimento: uma
abordagem multidimensional. Porto Alegre: Artmed, 2013.

LUZ, Marcelo C. Educação musical na maturidade. São Paulo: Editora
Som, 2008.

SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música: seus usos e recursos. São
Paulo: Unesp, 2007.

SMITH, Maristela. Musicoterapia e identidade humana: transformar
para ressignificar. São Paulo: Memnon, 2015.

 

Publicado originalmente no blog Caixola Musical.