Como começou a Educação Musical?

Por Rosangela Lambert

“A educação musical é a suprema, visto que, mais que qualquer outra coisa, o ritmo e a harmonia conseguem penetrar os mais secretos recantos da alma.”

Platão

Tanto o valor da música, quanto da educação musical, sofreram modificações a cada período da história. Antes do século IX não se pode falar em “educação musical” no sentido contemporâneo do termo.

O mundo medieval era cristão e a música tinha fins litúrgicos. O controle do aprendizado musical era atribuído à Igreja.

É somente a partir do século XVI que a criança é reconhecida como um ser que necessita de cuidados especiais, de educação e lazer.

Neste contexto, começaram a ser criadas na Itália, escolas de formação básica em música, denominadas Conservatórios ou Ospedali (hospital), as quais eram, na verdade, orfanatos. Elas também formavam músicos para as igrejas, mas embora condicionadas ao repertório, se adaptaram à época, com coros maiores e reconheciam sua responsabilidade na formação de seres humanos.

Foi no século XVIII que apareceram as primeiras sistematizações de ensino, os primeiros métodos educacionais e as primeiras tentativas de incorporar o ensino da música na educação. Embora vários teóricos já tivessem se ocupado da questão pedagógica, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), grande inspirador da psicologia moderna, foi o primeiro pensador da educação a apresentar um esquema pedagógico especialmente voltado para a educação musical.

Pouco após Rousseau, surgiram outros pensadores, como Juan Enrique Pestalozzi (1746-1827), Friedrich Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852), os quais também abriram espaço para a música na escola. Em suas propostas educacionais, a base deveria ser de cunho afetivo, na qual a vivência e a experimentação deveriam vir antes dos princípios e teorias.

(Sede do conservatório
Dramático e Musical de São Paulo – 1906)

Na virada do século XVIII para o XIX, surgiram as primeiras escolas particulares de ensino musical com caráter profissionalizante.

A primeira delas é o Conservatório de Paris (1794) e a segunda é The Royal Academy of Music, na Inglaterra, em 1822.

Este modelo de escola se espalhou por vários países, tendo chegado ao Brasil em 1845, com a criação do Conservatório Brasileiro de Música, na cidade do Rio de Janeiro, e do Conservatório Dramático e Musical, em 1906, na cidade de São Paulo.

No século XX surgem os chamados “métodos ativos”, os quais são baseados em metodologias ou propostas que priorizam a vivência musical anterior à aquisição de conceitos e técnicas instrumentais. Tais propostas buscaram a integração da experiência musical bem como sua democratização. Nos países onde estes métodos se desenvolveram, a música passou a fazer parte do programa curricular da escola pública, o que não aconteceu no nosso país.

E no Brasil, como surgiu a Educação Musical?  Leia no próximo post!

Publicado originalmente no blog Terra da Música.