Música e infância: benefícios para a vida toda!

Por Rosangela Lambert

 Acredito no potencial formador e transformador da música. Crianças em idade escolar poderão beneficiar-se –  para a vida toda –  se em contato com ela de maneira sistemática e eficiente. A música, quando usada como instrumento de educação, pode promover seu desenvolvimento em suas dimensões intelectual, emocional, social e cultural.

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O percurso de cada educador junto a seus alunos é único. Muitos são os fatores que influenciam as escolhas feitas pelo professor, como sua formação, suas habilidades e até suas preferências.  No entanto, um trabalho que contemple propostas dinâmicas, significativas e criativas, como cantar, tocar instrumentos, expressar-se corporalmente, escutar atentamente, criar sons e músicas, brincar e jogar musicalmente, promoverá maior desenvolvimento musical e global. Koellreutter, músico e educador musical, afirma:

Aquele tipo de educação não orientado para a profissionalização de musicistas, mas aceitando a educação musical como meio que tem a função de desenvolver a personalidade do jovem como um todo; de despertar e desenvolver faculdades indispensáveis ao profissional de qualquer área de atividade, como, por exemplo, as faculdades de percepção, as faculdades de comunicação, as faculdades de concentração (autodisciplina), de trabalho em equipe, ou seja, a subordinação dos interesses pessoais aos do grupo, as faculdades de discernimento, análise e síntese, desembaraço e autoconfiança, a redução do medo e da inibição causados por preconceitos, o desenvolvimento de criatividade, do senso crítico, do senso de responsabilidade, da sensibilidade de valores qualitativos e da memória, principalmente, o desenvolvimento do processo de conscientização do todo, base essencial do raciocínio e da reflexão. […] O humano, meus amigos, como objetivo da educação musical (KOELLREUTTER, 1997 aput BRITO, 2001, p.41-42).

Elvira Drummond (2016, p.3),escritora, compositora e educadora apresenta dez motivos para se musicalizar, a saber:

  • A música tem função socializadora
  • A música fortalece o equilíbrio emocional
  • A música desenvolve a motricidade
  • A música estimula a capacidade de verbalizar
  • A música favorece o raciocínio lógico-matemático
  • A música aumenta a capacidade de memorização
  • A música exercita a capacidade de pensar
  • A música desenvolve a imaginação e a criatividade
  • A música possibilita a formação do senso estético
  • A música promove a felicidade

Diante de tantas possibilidades e benefícios que a música pode proporcionar e desenvolver, como podemos organizar nossos conteúdos?

Penso que partir da criança – e não da música, buscando atender às suas necessidades e aproveitando de seu mundo mágico como motivação para o aprendizado, é o caminho. Obviamente, é fundamental que o professor busque – constantemente, conhecimentos e qualificação, tanto da área de educação musical, quanto de desenvolvimento infantil.

         

Em minha trajetória como educadora, tive a oportunidade de conhecer as Abordagens Ativas de Educação Musical (Dalcroze, Orff, Kodály, Schafer, entre outros), – *Leia sobre estas pedagogias neste blog – as quais vêm sustentando e fundamentando meu trabalho, assim como o modelo CLASP desenvolvimento por Keity Swanwick. Como professora da escola regular, ressalto que tais abordagens dialogam com os pressupostos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tanto para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

A seguir, um exemplo de atividade musical para crianças da Educação Infantil e sua possível ligação com os Campos de Experiência propostos pela BNCC :

Nesta proposta, as crianças tocaram instrumentos – Traços, Sons, Cores e Formas– declamaram parlendas – Fala, Pensamento e Imaginação – , trabalharam em grupo, respeitando-se e cooperando uns com os outros, aprendendo parlendas, de tradição oral e cultural popular, relacionada à sua história – O Eu, O Outro e o Nós.
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O professor também poderá propor o acompanhamento das parlendas com percussão corporal: batidas de pés, palmas, percussão nas coxas, peito, etc. – Corpo, Gesto e Movimentos e também propor a pesquisa sonora dos instrumentos e respectivos timbres, convidando as crianças a compreenderem porquê o triângulo produz o som mais agudo do que o tambor, por exemplo? – Espaços, Temos, Quantidades, Relações e Transformações.

De aparência simples, mas extremamente rica para o desenvolvimento infantil, quer no âmbito musical, uma vez que trouxe elementos próprios da linguagem musical, como timbres, pulso, andamento, textura, dinâmica, etc.; quer no âmbito socioemocional, tendo despertado curiosidade, cooperação, amabilidade, compromisso, empatia, experimentação, organização e socialização.

“O papel da música nas escolas não é o de formar instrumentistas, mas o de proporcionar o contato com a música através de experiências variadas e criativas. O aluno, se movido pela aventura da descoberta terá uma experiência única e pessoal, relacionando sentimentos, imaginação e invenção”.

John Paynter

REFERÊNCIAS:

BRITO, Teca A. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001.

DRUMMOND, Elvira. Dez razões para musicalizar: aos educadores em geral (pais e mestres). Fortaleza: LMiranda Publicações, 2016.

MATEIRO, Teresa. John paynter: a música criativa nas escolas. In: MATEIRO, Teresa; ILARI, Beatriz (org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: Ibpex, 2011.