Quem canta seus males espanta
por Rosangela Lambert
Você canta com / para seus alunos, clientes ou pacientes?
Penso que cantar deve ser uma experiência que faça parte da vida das pessoas. Desde a mais tenra idade, até o envelhecimento, as canções podem se fazer presentes, marcando acontecimentos e etapas da vida. O Minuto Musical de hoje te convida a refletir sobre isso.
A voz é a expressão mais verdadeira e antiga da Humanidade (SMITH, 2019), e a aproximação entre a música e a palavra é tão antiga quanto a própria música. A canção é resultado de uma articulação entre as irregularidades da língua falada e as regularidades da música, de modo que a forma musical dá à canção uma estabilidade no plano da expressão que não existe na fala. A canção é uma das representações mais relevantes na cultura da maioria dos povos, sendo preponderante na cultura brasileira.
Para o educador musical Zoltán Kodály o principal meio de acesso à música é pelo uso da voz. Segundo ele, cantar é possível a qualquer pessoa e pode estar presente durante toda sua vida. Para o educador musical Edgar Willems as canções constituem o que ele denominou de atividade sintética, agregando, em torno da melodia, o ritmo e a harmonia subentendida (PAREJO, 2011), e “é graças à melodia que o homem pode cantar sua alegria, suas dores, suas esperanças ou, ainda, seu amor pela beleza sonora” (FONTERRADA, 2008, p, 144). Para Campos (1989), “a melodia é como levar um som a um passeio” (CAMPOS, 1989 apud SMITH, 2019, p. 68).
De fato, a palavra cantada não é nem a palavra falada, nem a palavra escrita. A altura, a intensidade, a duração, a posição da palavra no contexto musical, o timbre da voz e o modo de cantar muda tudo, de maneira que a “palavra-canto” é outra coisa.
Podemos dizer que cantar também é contemplado pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Além do campo Traços, Sons, Cores e Formas, considero que o campo O Eu, O outro e O Nós é o principal campo para o cantar, pois nossa voz representa a nossa marca pessoal, isto é, niguém no mundo tem uma voz igual à minha ou à sua.
Importante destacar que não é preciso saber as técnicas vocais para cantar. Claro que conhecer, sempre é bom, mas o fato de não conhecer não deve ser empecilho para não cantar. Na medida do possível, busque conhecimentos básicos, como a respiração correta.
Referências:
FONTERRADA, Marisa T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre a música e educação.2. ed. São Paulo: Unesp, 2008.
PAREJO, E. Edgar willems: um pioneiro da educação musical. In: MATEIRO, T.; ILARI, B. (orgs.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: Ibpex, 2011, p. 91-123.
SMITH, M. Musicoterapia e a pessoa com amputação: ressignificando o futuro. São Paulo: Memnon, 2019.
Bora cantar? Nos vemos no próximo Minuto Musical.